domingo, 21 de junho de 2009

Uma ida ao ginásio de um conhecido

Fiquei a saber que um conhecido meu foi convidado a deslocar-se a um ginásio ou “clube de saúde” para fazer uns testes físicos. Só para saber o estado atlético em que se encontrava, para perceber se precisava de correr mais um pouco. Feitos os testes, que implicaram que ele fosse ligado a uma máquina e a habitual corrida, eis que apareceram os resultados.
A reacção da professora que o acompanhou foi: “que miséria!”. Numa escala de 1 a 10, ele teve um honroso 1. E o mais engraçado é que ele tinha estado a fazer um esforço para ir mais vezes, quiçá passar a frequentar o ginásio duas vezes.

Talvez entusiasmada por ver um bom aluno, com grandes expectativas de desenvolver as capacidade físicas, ou talvez com pensamentos mais egoístas e que passavam por cobrar uns duzentos euros mensais por um acompanhamento mais personalizado, certo é que a altruísta/interesseira professora tentou, tentou e tentou convencer o meu conhecido a contratar os seus serviços.
A conversa foi chata. Não só porque tudo o que ela dizia não fazia sentido – por momentos ele pensou que se não fizesse exercício físico com ela, não estava a fazer nada; correr tinha que ser com ela, porque ela era capaz de lhe explicar como se coloca uma perna à frente da outra; e a musculação? Obviamente só ela sabia como se faz –, mas também porque dizer a mesma coisa duas e três vezes seguidas torna-se chato. A primeira vez ouviu. Abanou a cabeça e quando começava a lamentar, veio nova dose. Porque isto e porque aquilo, porque eu, e eu consigo fazer com que tu… ele soltou um “pois, mas” e nova ronda.

Ao fim de uns dez minutos, já ele pensava que tinha corrido uns 4 Km e levantado tanto peso. Sentia-se cansado, irritado e a paciência no limite. Foi quando decidiu interromper o discurso que ele já quase sabia de cor de tantas vezes o ouvir…

- Claro que sim – concordou ele – tudo o que disse poderá fazer sentido (também não lhe quis dar razão, não fosse ela acreditar mesmo que tinha razão… e pobres coitados dos que viessem a seguir dele!!), mas a verdade é que não vai dar. (e que se lembrou ele como desculpa??? Podia ter dito que não tem tempo para ir ginásio. Se bem que não faz sentido dizer isso, até porque ele está inscrito no ginásio. E ela quase de certeza que ripostaria com um simples: nem uma hora por semana? Toda a gente tem uma hora que seja. Por isso ele fez bem em arranjar um outra desculpa). Se os resultados são, de facto, assim tão maus, então só me resta fazer um esforço pessoal e passar a frequentar ginásio mais vezes. (e antes que ela começasse a falar, ele rapidamente continuou) O momento é que não é bom para ter mais gastos. (ah! a desculpa da crise.. claro. Até no ginásio se pode culpar a crise. Até para calar uma professora se pode invocar a crise). Não é que tenha alguma coisa que ver com a crise (ai não? Olha, afinal estava enganado), longe disso. Eu é que tenho outras prioridades. Neste momento tenho já algumas despesas fixas e não me posso dar ao luxo de as aumentar (não fosse o meu conhecido economista… e quando a professora tentava argumentar e convencer com um acompanhamento mais barato, e ele já temendo um novo massacre de falsos fundamentos, eis que ele). É que além dessas despesas físicas, estou também a poupar. Vou ter que gastar muito dinheiro…

Ah, vais-te casar?

Não.

Férias?

Também não. Não tem nada que ver comigo. (mas estas duas perguntas deixaram-no cego de raiva. E já bastante furioso…). Estou a poupar para oferecer uma prenda. Meu pai decidiu mudar de sexo. Como ele vai fazer 63 anos, vou-lhe oferecer uma mamas novas no Brasil!!!
A professora não reagiu. Por momentos, ficou um silêncio constrangedor. Contudo, graças àquela mentira, em menos de um minuto, o meu conhecido estava a despedir-se da professora e a desejar-lhe um bom dia de trabalho.
Desde então, sempre que vai o ginásio e tem o prazer de se encontrar com a professora, ela tenta desviar o olhar, a muito custo lá vai cumprimentando. Não mais o convidou para sessões particulares de acompanhamento de treino.

Nota: qualquer coincidência com a realidade, ou é mentira, ou é mesmo pura coincidência.

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